Capítulo II
As várias espécies que Deus criou
Depois que os nossos olhos são abertos, logicamente, começamos a enxergar o que antes, para nós, estava oculto. Tudo vai ficando mais fácil, as músicas vão se encaixando e o verdadeiro louvor, aquilo que sai do nosso entendimento, do nosso coração, deixa de ser apenas letra. Não se trata mais de um conhecimento superficial, mas sim de um novo pensamento que se forma dentro de nós, passando a nos pertencer e ninguém pode nos tomar, pois isto nos foi dado por Deus. É bom que isto aconteça com todos nós. Aí sim vem a libertação: entra a luz e as trevas vão embora, a morte dá lugar à vida e a injustiça à justiça. Somente assim virá a nossa verdadeira conversão. Vamos prosseguir, abrindo em Gênesis 1:24, é importante saber.
“E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; animais domésticos, répteis, e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim foi…”.
Todos sabem que foi uma serpente que tentou a Eva e Adão, mas o que nem todos sabem é que, na verdade, ela apenas simboliza uma espécie que nos enganou. Quando diz: “…Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie”, significa dizer que entre essas espécies criadas estava a serpente. Deus, mais uma vez, está usando o natural para explicar o espiritual. Falando mais claramente ainda, foram criadas várias espécies e não apenas o homem. Vamos continuar lendo. Gênesis 2:9:
“Do solo fez o Senhor Deus brotar toda a sorte de árvores agradável à vista e boa para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal”.
Olhem aí! Não se está falando de mangueira, abacateiro, dessas espécies de plantas que conhecemos. São árvores com qualidades especiais, agradáveis à vista e boas para se comer, mas isto se refere a uma parábola: árvore do conhecimento do bem e do mal e árvore da vida. Quem é a árvore da vida e onde ela estava? Jesus Cristo é árvore da vida e estava no meio jardim do Éden, em companhia do homem, juntamente com os anjos. Havia várias outras árvores naquele lugar. Vá imaginando… Quando as Escrituras falam, por exemplo: “Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons”.1 A quem está se referindo? À espécie homem. Entre os próprios anjos há outras subespécies, como se fosse uma hierarquia: há os Querubins, os Serafins, os Arcanjos…
Tudo isso estava sobre a terra e esta onde fica? No céu! Ela é simplesmente o lugar mais belo que existe, feito especialmente para Deus habitar: “O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés”.2 Não é assim que está escrito? Onde Deus mora, então? Aqui mesmo! Vou repetir, não se assuste, mas o céu, as regiões celestiais, é aqui mesmo onde estamos. Quando olhamos para cima, imaginamos que o que está acima de nós seja o céu, onde ficam a lua, o sol, as estrelas, os cometas, etc. Mas olhem só a surpresa que teve o homem quando foi à lua: onde a terra estava quando ele, de lá, olhou para ela? No céu. Amém? Qual a conclusão que chegamos? Que nós estamos no céu, onde habitam os espíritos, os demônios, os anjos e onde Deus tem os Seus pés.
Por isso, o apóstolo Paulo adverte para que nos revistamos de toda a armadura de Deus. Onde está? Efésios 6:11-12:
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;
porque a nossa luta não é contra o sangue e carne, e sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças es pirituais do mal, nas regiões celestiais”.
Sabem porque o diabo está sempre levando vantagem sobre nós? Porque vivemos como se ele e seus anjos não existissem ou ainda, como se vivessem muito distante de nós, o que, na realidade, é um engano. Isso para as hostes espirituais da maldade é muito bom, pois que o homem acaba destruindo uns aos outros, esquecendo-se de seus verdadeiros inimigos. Isto significa dizer que não devemos maldizer, dividir nossas forças fazendo guerra entre nós, enquanto esses espíritos malignos apenas observam a nossa destruição. Por isso, ore, vigie “cinja os vossos lombos com a verdade, vista a couraça da justiça, calce os pés com a preparação do Evangelho, tomando sobretudo, o escudo da fé… Tomai também o capacete da salvação, e a espada do espírito, que é a palavra de Deus”.3
Amém, gente? Os nossos inimigos são os dominadores deste mundo tenebroso! Mas, por não entender, imaginamos que os principados e as potestades, os que dominam o nosso mundo, não participam da nossa vida. Ao pensar dessa maneira, como iríamos atingir e ser atingidos por nossos inimigos, se estamos isolados aqui na terra e eles no céu? É sinal de que as regiões celestiais estão mais próximas do que normalmente admitimos. Pedro fala: “O diabo, vosso adversário, anda ao vosso redor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”.4
– A Emanuela teve uma visão com uma espécie dessas, vestida de soldado, com uma roupa muito antiga, não foi?
– Sim, um anjo com roupa de soldado, toda branca, mas era muito antiga. (Ir. Emanuela – Ed.)
Ela ficou encantada com o anjo, mas cuidado, cada um segundo a sua espécie, viu? (Sorrisos – Ed.). Então, se são espécies diferentes de árvores, cada qual tem a sua característica, não é assim? O que a árvore da vida tinha de especial? Era a única cujo fruto era capaz de produzir vida, e dela o homem podia comer, sem restrição alguma, uma vez que Deus disse: “De toda árvore comerá livremente…”.5 Jesus Cristo é a árvore da vida, Ele veio para que nós tivéssemos vida. Certamente nos alimentávamos dEle e por isso não morríamos. Compare com o que Ele mesmo falou: “Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida”.6
Mas o que fez o homem? Comeu de uma das espécies que não devia e, com isso, ficou impedido de se alimentar da árvore da vida, passando, a morrer. Um dia para Deus é como mil anos para nós, passando o homem, então, a ter como limite de vida esse tempo. Adão, por exemplo, o primeiro homem, viveu novecentos e trinta anos, apenas um dia para Deus, que antecipadamente já havia afirmado que no dia em que o homem comesse da árvore do conhecimento do mal, morreria. Hoje, quando muito, segundo as próprias Escrituras, o homem chega aos setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta, não sem enfado e canseira. Isto porque, à medida que o pecado aumentou na terra, menos o homem passou a viver.
Esta árvore do conhecimento do bem e do mal representa o anticristo: “…porque no dia em que dela comeres certamente morrerás”.7 O fruto do abacateiro é o abacate; da bananeira, a banana; da árvore da vida, a vida; da árvore do conhecimento do bem e do mal, o conhecimento do bem e do mal que leva as pessoas a terem a sua própria justiça. Esse conhecimento sem a verdadeira justiça, sem a capacidade real de separar uma coisa da outra, é a causa da morte. Assim, então, a morte é uma conseqüência da nossa incapacidade de resistir o mal e fazer o bem. Vejamos agora o quanto a árvore do conhecimento do bem e do mal era importante, não fosse a sua iniqüidade… Está no livro do profeta Ezequiel, capítulo 28, versículo 11:
“Veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe…”
“Filho do homem”. Nesse momento Deus estava falando com um profeta, para que levantasse uma lamentação contra o “rei de Tiro”. Quem era o rei de Tiro? Um homem. Então, Deus estava lamentando não o que estava acontecendo com o rei, mas, na realidade, com o que estava nele. Vamos observar a descrição dessa pessoa. Versículos 11 a 15.
“…Assim diz o Senhor Jeová: Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
Estavas no Éden, jardim de Deus: toda a pedra preciosa era a tua cobertura, a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro: a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados.
Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci: no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti”.
“Estavas no Éden, jardim de Deus”. Acaso o rei de Tiro estava lá, Paulinho? Não era isso, pois já havia se passado milhares, talvez milhões de anos desde a expulsão do homem do Éden. Já dissemos: Deus estava falando com quem se encontrava de posse do rei. Cada pedra dessa que aí aparece, a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, era uma outra espécie que fazia a proteção desse anjo, para que você tenha uma noção do quanto ele era formoso, precioso, querido. Mas o que aconteceu? Permaneceu obediente a Deus até o dia em que a iniqüidade brotou no coração dessa maravilhosa criatura.
Quem primeiro pecou, então, não foram Adão e Eva, mas sim esse Querubim, que se rebelou contra Deus e induziu o homem a fazer o mesmo. Entenderam agora porque Deus ainda insiste em salvar a espécie humana? Quando se é enganado, iludido, não se age conscientemente, e este foi o motivo pelo qual o pecado original foi perdoado por Deus. Muitos se escandalizavam quando Jesus Cristo declarava perdoados os pecados de uma pessoa, a ponto de dizerem: “Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecado, senão só Deus?”.8 Mas era exatamente isto o que estava acontecendo e eles não foram capazes de enxergar, o próprio Deus perdoando os pecados do homem.
Hoje, o único pecado capaz de nos tirar o direito à ressurreição é a incredulidade, e isto em relação à pessoa de Jesus. Agora, tendo os seus olhos abertos, ninguém pode alegar que mais uma vez foi iludido: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer já está condenado”.9
Continuando, no versículo 16:
“Na multiplicação do teu comércio se encheu o teu interior de violência, e pecaste, pelo que te lançarei profanado fora do monte de Deus, e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas”.
Naquilo que foi constituído esse anjo para uma importante função, ele se ensoberbeceu e quis disputar com Deus o governo, a supremacia dos céus. Lançado fora do Monte de Deus, não pôde continuar persuadindo os demais anjos a o acompanharem, a seguirem o mesmo exemplo de desobediência, à semelhança do que fez com o homem. “Porque Deus sabe que no dia que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal”. Como não existe mais acordo entre Cristo e Belial, entre a luz e as trevas, entre a justiça e a injustiça, não se admitem mais demônios, anjos rebeldes, na presença de Deus:
Quando o endemoniado gadareno disse a Jesus: “Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?”. Isto deixa bem claro ter Jesus Cristo vindo de um lugar de onde os demônios foram expulsos (céu), para o lugar onde eles estavam (Terra). A Sua missão era fazer com que a vontade de Deus, feita no céu, pudesse ser feita também aqui na terra. “Seja feita a Tua vontade aqui na terra como ela é feita no céu”.10
Verifique o que estamos falando em Apocalipse 12:7-9 e 12.
“Houve peleja no céu, Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos;
todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles.
E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra e, com ele, os seus anjos…
Por isso, festejai, ó céus, e vós os que nele habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta”
Viram como é sério? A passagem que acabamos de ler diz que o céu festejou essa vitória. Será por quê? Certamente que a presença desse anjo no céu causou muitos males, muitos transtornos. Pela descrição que observamos ao longo dessa reunião, nota-se que ele tinha um poder enorme, dotado de grande sabedoria, conhecedor do bem e do mal. E nós, apesar de toda a advertência, andamos de um lugar para o outro como se ele e seus anjos não existissem, enfrentamos, em nossa ignorância, toda essa força da maldade. Por diversas vezes, Jesus advertiu os apóstolos quanto ao cuidado que deveriam ter com relação ao diabo. Sejam convencidos de uma vez por todas: ele é nosso adversário, tem grande ira por nós e quer a nossa perdição. “O ladrão veio para roubar, matar e destruir”.11
À mulher, figura da igreja, foram dadas duas asas da grande águia, para que voasse para o deserto, fugindo de uma perseguição que deveria acontecer.12 Essa é a situação em que vivemos, peregrinando numa terra que sabidamente não é a nossa. As asas da águia simbolizam a capacidade que a palavra profética tem de nos livrar das mais difíceis situações. Estamos onde os demônios também estão e aguardamos um novo céu e uma nova terra, onde haverá justiça, longe da presença do inimigo, bem como dos homens que se mantêm rebeldes a Deus.
Muitas pessoas fazem pactos de sangue, constroem carreiras, fama, fortunas, tudo mediante acordo com esses anjos, tamanho é o poder que eles têm. Certa vez, eu tive um diálogo com um desses demônios, que nada mais são do que anjos rebeldes. Ele me disse que os problemas pelos quais eu passava na época eram por causa da minha conversão e, sobretudo, porque eu pregava o Evangelho, embora nada dissesse expressamente. Eu sabia que ele fazia aquilo tudo para me intimidar e, nessa hora, se não tivermos bastante cuidado, recuamos mesmo. Normalmente, ele tenta intimidar primeiro. Não alcançando seu intento, faz uso da sedução. Foi aí que ele me falou: “Eu sei que você está querendo comprar um carro velho, mas eu posso te dar um novo”.
Observem a sua astúcia! Está sempre ao nosso derredor, nos acompanha em nosso dia-a-dia, sabe das nossas necessidades, conhece aquilo que nos ofende ou nos agrada. Por isso, é o sedutor de todo o mundo, não foi isso que lemos agora há pouco? Apenas nesse dia foram cinco espécies de demônios que se manifestaram naquele homem, que continuou conversando comigo naturalmente, como se fosse uma pessoa normal, mas eu sabia que se tratava de um espírito maligno usando o corpo de um homem.
Sabe o que acontece com essas espécies e com os homens que habitam a Terra? Eles têm o conhecimento do bem e do mal, mas não têm a verdadeira justiça, o poder de separar o bem do mal, o certo do errado, o justo do injusto. Nós também temos a mesma dificuldade. Infelizmente, ao nos alimentarmos dessa árvore, nos tornamos um com ela e também passamos a conhecer o bem e o mal. Hoje, todo o mundo se encontra nessa situação. Todavia, não sabe como se livrar do mal que, pelo fato de ser mal, cresce com maior facilidade que o bem. A única pessoa que possui essa capacidade é Deus e aqueles que por Ele forem ensinados. É por esse motivo que estamos aqui, queremos adquirir a justiça, o pensamento, o ponto de vista de Deus.
Vocês concordam que se houvesse justiça dentro de nossas casas não haveria problemas, desavenças, intrigas? Mas, se ainda existe confusão entre pais e filhos, marido e mulher, e entre os homens de um modo em geral, é sinal de que ainda não nos entendemos, falta alguém para separar corretamente uma coisa da outra, que coloque ordem na casa, que tenha o conselho adequado para cada situação. Imagine agora toda uma nação procedendo justamente, que maravilha! Assim será o povo de Deus, todos pensando e agindo da mesma forma.
Parece até um absurdo dizer isso, mas não se escandalize, não. Se o diabo lesse as Escrituras, procurasse entendê-la, adquirir a justiça verdadeira… Mas ele não é capaz de amar, de se humilhar, de fazer o bem. Jesus disse que ele sequer cogita das coisas de Deus.13 Cogitar é refletir, pensar, imaginar. Isso quer dizer que tudo o que pertence a Deus não tem lugar na mente dele, por este não ser capaz de compreender. Mas ele age como quem conhece, como quem sabe, e aconselha a muitos, que acabam caindo em suas ciladas, em seus enganos e, por fim, tomamos decisões precipitadas. Tudo isso se deve à mistura de espécies que jamais poderia ter acontecido da forma como ocorreu.
– Como acontece, por exemplo, com a natureza? Uma espécie se mistura com a outra, Humbertinho?
– Não! Leão com leão, cobra com cobra, zebra com zebra e assim por diante. (Ir. Humbertinho – sorrisos – Ed.)
– Como é?
– Macaco com macaco, girafa com girafa, cada um com sua espécie. (Ir. Humbertinho – sorrisos – Ed.)
– Mas é verdade! Cada um com sua espécie.
Preste atenção! Não estamos com isso querendo dizer que o homem de hoje é resultado do cruzamento com o diabo, a exemplo do que ocorre com os animais. É apenas para você entender. Essa mistura nada mais é do que uma comunhão proibida, uma união indesejada. Dificilmente uma espécie convive em harmonia com outra no mesmo habitat, sem se prejudicarem. Às vezes, a sobrevivência de uma, importa no sacrifício da outra. Na lei da selva, apenas os mais fortes sobrevivem. Como vimos, entre nós e essa outra espécie há uma luta desigual, em quantidade e em força e, por isso, fomos vencidos por ela. Mas se você mistura duas espécies diferentes, a terceira espécie que surge, não é a primeira, tampouco a segunda. Apresenta características de ambas, mas não é uma, nem outra. Trata-se de algo que não é mais pura, é híbrida, e como tal, estéril. Quem tem um exemplo?
– Do cruzamento do jumento com a égua nasce a mula, que não é nem um, nem outro, e a mula não se reproduz. (Ir. Sirlei – Ed.)
Um outro exemplo é a mexirica pocã, que é o cruzamento de duas espécies diferentes: limão e laranja. Você enxerta as duas e dá origem à pocã. Se plantar uma semente dela não vai nascer, pois ela não se reproduz, é estéril. Foi mais ou menos isto o que aconteceu com o homem. Não vou me estender muito nesse assunto, até mesmo por causa da sua complexidade. O que dissemos é suficiente para reforçar a idéia de que somos resultado do cruzamento dos filhos de Deus com os filhos do diabo. Quando se falam em filhos do diabo, todos ficam assustados: “Deus me livre ser um filho do diabo!”. Mas é exatamente isto que somos. Todo homem é criatura de Deus, não significando de forma alguma que todo homem seja filho de Deus. Jesus claramente chamou os escribas e fariseus de filhos do diabo, e olhe que eles não eram um povo qualquer, não. Abra em João 8:44. Assim, antes de nos tornarmos filhos de Deus, éramos, por natureza, filhos dos homens apenas. E estes? Confira você mesmo:
“Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade…”
Veja a que condição que o homem foi capaz de chegar: de filho de Deus a filho do diabo. Nem sempre foi assim. Tem uma passagem que mostra claramente a separação que existia entre os filhos de Deus e os filhos dos homens. Ora, se havia filhos de Deus e dos homens, de quem estes eram descendentes? Não estariam aqui os filhos dos homens simbolizando os filhos do diabo? Onde está? Gênesis 6:1-3:
“E aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas;
viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.
Então disse o Senhor: Não contenderá o meu espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne…”
O que interessa saber é o seguinte: existia o que era e o que não era filho de Deus. Para você entender melhor ainda, Abraão teve dois filhos: Isaque e Ismael. Um era filho legítimo e o outro bastardo.14 Um caminhou para um lado e outro para o outro, um seguiu uma direção e outro a outra. Quem mais teve filhos assim, tão diferentes? Caim e Abel eram filhos de Adão. As Escrituras falam que as obras de Abel eram mais justas que as obras de seu irmão Caim.15 Outro exemplo foi Jacó e Esaú: “Amei Jacó e aborreci Esaú”.16 Não é assim que está escrito? Então, existe uma árvore genealógica, conduzindo para a vida, enquanto que outra apenas mantinha o conhecimento do bem e do mal. Chegou a um ponto que, conforme acabamos de ler, não era mais possível separar os filhos de Deus daqueles que não os eram. Profundamente decepcionado com o homem, Deus mandou o dilúvio, quando todos já haviam se corrompido. Gênesis 6:12:
“E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra”.
Então, somos originários dos sobreviventes do dilúvio, homens apenas carnais, que só têm o conhecimento do bem e do mal. O que é corromper? Corromper é perder a originalidade. Isto quer dizer que o homem que existe hoje não é o homem original, por causa dessa mistura que houve, passou a ser apenas filho do homem. Tomemos como exemplo o leite puro, ele é o original. Já ao iogurte foi acrescentado alguma coisa. É leite? Não é leite, é iogurte. O que mais se pode fazer do leite? Coalhada, queijo, requeijão, mas nenhum deles é o leite original.
Eu creio que você já entendeu: o homem mal, egoísta, avarento, injusto e soberbo que vemos hoje não é o mesmo que Deus criou. Tudo o que acontece é por causa do homem: ele é quem mata, quem destrói a natureza, quem declara a guerra, tudo sob a eficácia de Satanás. Creio que ainda durante este encontro falaremos disto. As pessoas dizem: “Como pode alguém fazer isso?” Elas têm razão: já não são os homens filhos de Deus e sim os filhos dos homens, são os homens corrompidos, transformados, deturpados, escravos de um sistema imposto pelo deus deste século.
Se você verificar, por exemplo, no Evangelho de Lucas, a árvore genealógica de Jesus, Caim, Ismael e Esaú estão nela? Não, nenhum deles está. Se eles não estão nela, é sinal que deram origem a outras espécies, e não são os filhos de Deus. Diante de tanta maldade, não restou outra alternativa senão destruir o homem. Imaginem vocês o quanto foi difícil para Deus tomar essa decisão.
Ao final de tudo isso, sobrou apenas Noé. Em consideração a ele é que sua esposa, suas noras e seus filhos Sem, Cão e Jafé foram salvos. Veja como em tão poucas palavras ele é definido: “Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus”.17 Qual o segredo, então? Andar com Deus. Assim mesmo onde o mal estava? Entre aqueles que estavam na arca, em alguma, talvez em várias daquelas pessoas. Como conseqüência natural, o mal se propagou numa rapidez tão grande que pouco adiantou o dilúvio. Deus precisa eliminar o mal por completo, vocês concordam?
Resumindo, como Deus poderia fazer, diante de tudo isso, para salvar o homem? É bom lembrar que das oito pessoas que havia dentro da arca, se originaram todos os homens. Você é um filho de Abraão? Não sabemos. Nos misturamos de tal maneira que hoje não somos capazes de separar uma descendência da outra. O que Deus fez, então? Escolheu uma linhagem, lhes deixou uma lei, fez tudo para separá-los dos demais povos. Mesmo com todo o aparato da lei, judeu casando-se com judia, guardando-se as tradições, foi possível? Não foi!
A lei era boa, santa, justa e perfeita? Sim, era, mas o problema estava e ainda está no homem. Se ele andasse conforme a lei, essa outra espécie sairia de dentro dele? Sim, mas o homem não foi capaz de cumprí-la, de obedece-la, pois tinha um outro, mais forte do que ele, que o instigava a desobedecer; um espírito de desobediência e rebeldia que entrou e ainda hoje permanece no homem.
Por que estamos falando tudo isto? Jesus era um homem que, humanamente falando, em nada se diferenciava de nós; era filho do homem, aliás, teria que ser, para salvar a espécie. Só que a parte que contamina o homem natural, a vontade da carne, não existiu. A diferença estava no que havia dentro dEle. A partir dEle foi criado o modelo do homem perfeito, original, incorruptível, a nova espécie, por Ele o povo de Deus. Ali começou novamente a família de Deus, seus filhos e a igreja, figura não de Eva, mas da mulher que hoje é mãe dos filhos de Deus.
Na realidade, tudo isto é um grande mistério. Vamos curvar nossas cabeças e encerrar a reunião. Amém, Jesus, a cada dia nós vamos entendendo melhor e isso nos faz amá-lo muito mais. Saber que o Senhor nos amou de tal maneira, teve tanta misericórdia de nós para que não fôssemos destruídos, extintos, eliminados, cumpriu por nós toda a lei, inaugurou um novo e vivo caminho, veio pessoalmente nos salvar, nos dar o espírito de obediência. Não importa nossa raça, língua ou nação, todos estão sendo convidados, pois o Senhor não faz acepção de pessoas, não diferencia classe social, cor, origem. Todos estão sendo chamados a se tornarem filhos de Deus. Jesus disse que qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é seu irmão, irmã e mãe. Para isto, basta que o Espírito do Senhor, o Espírito do Filho, o Espírito da obediência habite em nós e nos convença do nosso pecado. Agora, estamos voltando para o Senhor, governe, reine, administre a nossa vida, ensine-nos o caminho de volta para Deus. Obrigado, Senhor! É difícil, mas nós vamos entender…
O meu Senhor que um dia se humilhou
O rei dos reis em servo se tornou.
A própria luz se revelou aos homens
Mas o mundo em seu desprezo não o aceitou
Tomou sobre si minhas dores
Minhas culpas Ele as levou
Sua própria vida entregou
No castigo que me reconciliou
Porque Cristo se importou
Porque tanto me amou
Mesmo quando não havia bem algum
Me fizestes merecedor…
Notas:
1 Mateus 7:18
2 Atos 7:49
3 Efésios 6:14-17
4 I Pedro 5:8
5 Gênesis 2:17
6 João 5:40
7 Gênesis 2:17
8 Lucas 5:21
9 Marcos 16:16
10 Mateus 6:10
11 João 10:10
12 Apocalipse 12:14
13 Mateus 16:23
14 Gênesis 16:15
15 Hebreus 11:4
16 Romanos 9:13
17 Gênesis 6:9