Tornando-se uma só carne
“Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe,
e unir-se-á a sua mulher,
tornando-se os dois uma só carne”
1. Eu gostaria que a reunião de casais de hoje partisse de alguma pergunta, ainda que seja para tirar alguma dúvida. Poderiam, inclusive, ser várias perguntas. Nós discutiríamos a primeira, a segunda, a terceira e assim por diante. Eu até poderia falar de um outro assunto, mas gostaria que fosse assim. Após as reuniões, algumas pessoas sempre me procuram exatamente para isso. Amém? Pode ser um jovem casal, um casal mais antigo, não tem problema. Quem se habilita? Quem gostaria de perguntar alguma coisa? Vou dar dois minutos para vocês pensarem e elaborarem a pergunta… Humberto…
– Eu gostaria de saber o seguinte: num casamento, numa vida a dois, o que não pode faltar? Eu sei que têm muitas coisas importantes, mas falo de algo que seja essencial.
2. Uma boa pergunta! Quem tem alguma resposta? Dinheiro? Alguém falou dinheiro? (Sorrisos) Pois é, veja bem, então, vamos à resposta. Existe alguma coisa que não pode faltar no casamento, na vida a dois? Não foi assim que você perguntou? Eu digo para você que existe algo que não pode faltar de maneira alguma e eu não estou falando do dinheiro, certo? Caso falte isto que eu vou falar, o casamento é fadado ao fracasso. O que é? Deus? Alguém disse Deus. Deus é essencial em qualquer situação, tanto na vida do solteiro, quanto na vida do casado… Também não é de Deus que eu estou falando, pois Ele não pode faltar em situação alguma! Então, vamos continuar. Godoy, Joana, Valdemir, Augusta, Omilde, Rosemary, Amilce, o que é que vocês acham que não pode faltar? Principalmente aqueles que já são casados. O Humberto está falando porque certamente se interessa que isto exista no casamento dele. Que mais é imprescindível? Fidelidade? Transparência? Janta? (Sorrisos). Vão falando mais. O Humberto, quem fez a pergunta, é quem vai dizer se as respostas dadas até agora satisfazem a dúvida dele.
– Resolve, Humberto?
– Diálogo, companheirismo, fidelidade, isso que eles falaram realmente é essencial, mas acho que ainda está faltando alguma coisa.
– Janta? (Sorrisos)
– Janta também é importante, mas…
– A dona Zefa está falando que é o amor! Resolve o problema para você?
– Em parte, mas ainda… Bom, o amor é importante para começar, mas nós estamos querendo ver algo mais na frente. Será que esse amor inicial não está faltando na vida dos casais?
– O pessoal mais velho pode ajudar, sem briga. Quem quiser dizer alguma coisa levante a mão e fale no microfone. Se começar com essas conversas paralelas vai complicar. (Sorrisos)
– Eu acredito que todos que um dia se casaram começaram se amando. Só que com o decorrer do tempo, parece que o amor de um para com o outro vai se esfriando e a pessoa deixa de amar como no início. Que cuidados nós temos que tomar para que isso não aconteça conosco? Godoy…
– A pergunta que o Humberto fez, e muitos são aqueles que ficam ansiosos por saber isto, ele só terá a resposta no decorrer do próprio casamento. Eu também passei por muitas coisas e, muitas vezes, não tinha resposta. Com o passar do tempo, eu passei a compreender boa parte delas, mas eu tive que passar por elas. Por exemplo, quando ele estiver casado, vai perceber que nem sempre o diálogo existe, porque é difícil a convivência entre duas pessoas. Nesse pouco tempo de casado, são treze anos, aprendi que o importante é sempre recorrer a Deus, qualquer que seja a situação. Eu e a Joana tínhamos tudo para ter o nosso casamento totalmente acabado, mas não temos, porque demos ouvidos a Deus.
– Você falou totalmente acabado?
– Sim! Éramos para ter um casamento totalmente acabado. Mas, graças a Deus, ele não está nem um pouquinho destruído. Então, eu acredito que você tem tudo para que o seu casamento seja uma bênção, mas também tem tudo para que ele seja uma desgraça: tudo vai depender de você ouvir e dar crédito ou não à palavra de Deus. A dona Zefa estava falando a respeito do amor, eu também acredito que ele é importante. Só que o marido e a mulher sofrem tanto, que chega um momento que isso acaba. Ninguém gosta de sofrer! Ainda mais a mulher, que se casa esperando ser amada, compreendida e, logo na primeira dificuldade em que ela necessita desse amor, não recebe. É por isso que precisa de Deus; sem Ele, a vida a dois, por melhor que aparente ser, não permanece por muito tempo. Muitas pessoas vão querer te aconselhar, orientar, mas não vai funcionar; a única coisa que funciona é Deus. Eu me lembro de que quando eu comecei a me reunir com a igreja, ainda não havia reunião de casais. Não fossem elas, a Joana sequer estaria no nosso meio, porque foi através das reuniões de casais que ela começou a vir e a ouvir, e aprendemos muitas coisas importantes…
– Mais alguma coisa, Godoy?
– Alguém falou a respeito do dinheiro. Realmente, ele é importante. Tem que se preocupar com isso também! Sempre foi falado que se a pessoa quiser se casar, tem que se fazer a seguinte pergunta: “Será que eu sou capaz de manter uma família?” Manter uma família apenas da boca para fora é fácil – muitos dizem que são capazes – mas depois vêm as conseqüências. É importante que o homem tenha condições de assumir a casa. Eu já vivi dessa forma e sei o quanto é difícil. Você pensa: “Meu Deus, como eu vou fazer agora?”.
– Você já sentiu isso na pele?
– Já ocorreu de eu não ter dinheiro para comprar um litro de leite e vinha aquele momento de desespero: “O que eu faço agora?” As pessoas, quase sempre, querem ajudar, mas não podem. Apenas Deus é capaz. Basta fazer da maneira como Ele disser.
– Nesse caso, então, aproveitando o que o Godoy está dizendo, não basta que o marido se apegue a Deus, é preciso que a mulher também faça isto. Joana, você se lembra de alguma oração que você fez, Joana?
– Sim, eu me lembro, apesar da falta de entendimento que eu tinha na época.
– Amém! Mais alguém tem alguma idéia daquilo que seja essencial no casamento? Assis?
– Eu pensei na responsabilidade do chefe de família. Isso é algo que nunca pode faltar. Casando-se, o homem tem que ser capaz de assumir o compromisso que fez. No caso, a companheira, não tem culpa se ele está desempregado. Ao mesmo tempo, ela não pode simplesmente voltar para a casa do pai, porque quando também se casou, aceitou o compromisso, se predispôs a viver com ele. Quantas vezes a pessoa não se casa achando que basta gostar? Mas, na hora de assumir a responsabilidade…
– Amém! Quem gostaria de dizer mais alguma coisa? Dairel…
– Eu estava me lembrando das palavras que eu ouvi no meu casamento: “… é preciso que ambos, marido e mulher, pensem da mesma maneira”. Assim, não é o que eu penso e nem o que ela pensa, mas o que Deus pensa.
– Amém! Você e a Roberta têm feito isso?
– Nós temos nos preocupado com isso. Qualquer “cochilo” pode abalar o casamento.
– Amém! Outra pessoa respondendo a pergunta do irmão. O que não pode faltar, Sirlei?
– Eu me lembro que uma vez a Suzana me perguntou: “Você me ama?”. Respondi: “Hoje eu descobri que não te amo”. Aí pronto, ela chorou… Eu achei importante o dia que tivemos essa reunião porque foi falado a respeito do amor de Deus, que é completamente diferente da maneira que nós imaginamos ser. As Escrituras dizem que havendo profecias, dons, ciência, tudo um dia desaparecerá, exceto o amor.12 Assim, eu acho que acima de tudo está esse amor, que é o amor de Deus. Se, como casais, nós alcançarmos isso, vai ser uma bênção, pois o amor tudo suporta, crê, sofre, confia e espera. Então, eu disse a ela que esperava amá-la como Cristo nos amou. Alcançando isto, com certeza, a pessoa assumirá a responsabilidade dela, como estava dizendo o Assis.
– Godoy, você tinha pedido a palavra…
– Eu concordo com o que o Sirlei disse. Por exemplo: nós nos casamos achando que amamos, mas basta faltar o dinheiro, a saúde, vir as dificuldades, que não suportamos mais aquela situação. Isso que nós pensamos ser o amor não suporta nada, é algo puramente carnal, apenas uma atração física! Então, é nessa hora que Deus vai ensinar o verdadeiro amor, capaz de suportar qualquer obstáculo.
– Passe o microfone para o Sirlei.
– Se dermos ouvidos a Deus, estaremos sendo aperfeiçoados no Seu amor. Daí para frente não tem nada que acabe com um casamento assim, cumpre o que foi dito por Jesus: “Portanto, o que Deus uniu, não o separe o homem”.13 Eu me lembro que no casamento do Dairel foi dito isto: “O que nos une um ao outro é o conselho, a palavra de Deus”. Muitas vezes, a pessoa não escuta o conselho e acha que foi Deus quem uniu, ainda por cima O culpa por qualquer coisa de errado que aconteça.
– Está ficando boa a discussão. Retorne o microfone para o Godoy.
– Aproveitando o que o Sirlei disse, irmão Rossini, quando é que vamos saber se foi Deus quem uniu?
– Como é que você vai saber que foi realmente Deus quem uniu? Por exemplo, vamos citar o caso do Humberto e da Juliana… Será que é Deus quem está unindo os dois ou tem alguma interferência humana nisso tudo? É isso, Godoy?
– Parece que, à primeira vista, o casamento começa pela carne mesmo! Não é assim? Estou perguntando para o senhor, responda, não fique apenas olhando!
– Welmo…
– Esse detalhe é muito importante: de fato, parece que o casamento começa pela carne. Um dia desses, tivemos uma reunião em que foi falado que um dos objetivos do casamento é conter uma dificuldade da carne que o homem possui: a prostituição, a promiscuidade. Então, na verdade, tudo indica que é algo carnal, pois não entendemos ainda o verdadeiro objetivo do casamento. Pelo menos para nós, não faz muito tempo que começamos a entender o que de fato ele significa. Tudo começou com o encontro de casais, realizado no mês de agosto, apesar de há muitos anos já se realizarem as reuniões de casais. Mas, agora, Deus está falando de assuntos mais profundos, que exigem maior compreensão. Tem sido uma bênção! Inclusive, um dia desses, quando conversávamos, eu disse ao senhor o seguinte: “Se fôssemos fazer um balanço do assunto que Deus mais falou conosco o ano inteiro, acredito que aprendemos mais sobre relacionamento e casamento”. É impressionante como aconteceu tudo de uma vez, não que Deus não estivesse falando antes, mas parece que um “véu” ainda estava posto sobre os nossos olhos e nos impedia de enxergar muita coisa.
3. Não precisamos ser casados para entender a respeito de relacionamento, não é mesmo? Então, todos são convidados a participar da reunião de casais, ainda que sejam solteiros. Na realidade, realmente Deus nos ensinou muito nos últimos meses. Por exemplo, o Sirlei chegou para a esposa dele e disse: “Infelizmente ou felizmente, descobri que ainda não te amo”. Não é? O Godoy chegou à conclusão de que o casamento começa pela carne. O Humberto, por sua vez, já tem coragem de fazer algumas perguntas. Eu acho isso muito importante porque é através das perguntas que acharemos resposta para as mais diversas situações. Esconder ou omitir aquilo que nós gostaríamos de saber não deve ser feito! Já falamos a respeito de vários assuntos simples, e Deus foi nos trazendo um alimento mais sólido. Como alguém já se referiu, não me lembro quem, falamos da importância de se fazer janta. Principalmente a mulher moderna, ela tem horror a fogão! (Sorrisos). Mas se você achar que a janta não é importante…
– Parece que a Cida teve uma experiência nesse sentido, não foi?
– Realmente, janta é coisa séria! (Sorrisos). Não muito tempo depois de havermos nos casado, quase que eu e o Sérgio nos separamos por causa disso. Eu chegava muito tarde em casa, cansada, e ele não abria mão da janta. Eu falava: “Hoje eu não faço janta!” Ele respondia: “Você vai fazer sim!” Quando eu resolvia fazer, ele se enfezava e dizia: “Se você fizer, eu não vou comer!” Eu achava bom porque eu não queria fazer mesmo… Dormíamos os dois emburrados. Quando eu percebi que para evitar aquilo eu teria que fazer janta, passei a fazê-la e isso dura até hoje. Graças a Deus que os problemas acabaram! Também aprendi que o diabo não precisa de muita coisa para semear contenda e tirar completamente a sua paz.
– Fale mais, Welmo.
– Eu gostaria que fosse mais esclarecido esse assunto: que o casamento começa pela carne. Fazer comida, passar roupa, cuidar da casa, tudo isso é uma necessidade da carne, algo do homem, não é assim? Estou me lembrando, inclusive, de uma visão que uma irmã teve, no final da última reunião de casais, e o senhor disse que comentaria posteriormente. Havia dois pedaços de carne, inicialmente separados por duas grandes mãos. Em seguida, essas mãos passaram a costurá-los com um fio de ouro colocado numa agulha. Depois, os dois pedaços de carne já apareciam unidos, sendo que atrás deles havia um fogo muito forte. Em poucas palavras, pois já era bastante avançada a hora, o senhor explicou que a união da carne tem que acontecer, mas que ela só ocorre através do Espírito.
– Mais alguém? Valdemir?
– Quando eu e a Augusta nos casamos, nós não conhecíamos a palavra e simplesmente nos casamos. Tudo foi feito na ignorância, pois não tínhamos conhecimento de Deus. Então, fica a seguinte pergunta: será que nós nos casamos apenas pela carne ou foi Deus quem nos uniu? Foi realmente uma união feita por Deus? A verdade é que o nosso casamento vem sobrevivendo ao longo do tempo e apenas agora nós passamos a entender um pouco o que ele significa.
4. Estou permitindo vocês fazerem várias perguntas, havendo, inclusive, várias respostas. Vocês observaram que realmente é tudo muito complexo. Se viver sozinho não é fácil, imagine, então, dois, três, quatro, e assim por diante? É muito difícil! Todos tiveram a oportunidade de dizer coisas importantes. Temos aprendido, desde o dia em que conhecemos a palavra que, aquele que tem dado ouvido a Deus, tem aprendido, reconstruído, restaurado sua casa. Pode ser que um casamento totalmente destruído seja reedificado. Vocês concordam? Para Deus, nada é impossível. Mas, se pelo contrário, a pessoa resiste, leva tudo na brincadeira, zomba da palavra de Deus, com certeza, ela vai pagar um preço muito alto. Tudo aquilo que o homem semear, isso também ceifará.14 Por isso a advertência feita pelo apóstolo Paulo: “Mas veja cada um como edifica…”.15 Ou seja: o Evangelho é pregado, todos ouvem a mesma palavra; a diferença é que uns levam a sério e outros não.
5. Outro dia, dissemos uma palavra que repercutiu bastante na igreja: que o casamento era algo do mundo. Se não tivermos cuidado, aquilo que foi falado chega de uma forma completamente distorcida no ouvido das pessoas. Temos que tomar bastante cuidado porque são atitudes irresponsáveis como essas que sujam a água. É o famoso “fermento dos fariseus e dos saduceus”, ao qual se referiu Jesus, nos advertindo para que dele nos acautelássemos.16 Mas você poderia dizer: “Como, se não há mais fariseus e saduceus?”. Trata-se, na verdade, de uma doutrina, que perdura até os dias de hoje. E não é necessária muita coisa para adulterar a Palavra de Deus; um pouco de fermento leveda toda a massa.17 Tem como, por exemplo, depois de colocar o fermento no bolo, retirá-lo, sem, contudo, prejudicar toda a massa? Não tem!
6. Então, ao dizermos que o casamento é uma coisa do mundo, não falamos que não é algo instituído por Deus. Foi Deus quem de fato o instituiu, mas como uma necessidade apenas para este mundo. Compare o que eu estou falando com o que Jesus disse ao ser interrogado pelos saduceus a respeito da ressurreição. Os saduceus, que não acreditavam na ressurreição, queriam, de qualquer modo, fazê-lo tropeçar, entrar em contradição. Qual foi a pergunta que eles fizeram? Vamos abrir nesta passagem. Mateus 22:
23 No mesmo dia vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, dizendo:
24 Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, seu irmão casará com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão.
25 Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão;
26 da mesma sorte também o segundo, o terceiro, até o sétimo.
27 depois de todos, morreu também a mulher.
28 Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa, pois todos a tiveram?
29 Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus;
30 pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu.
31 E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus:
32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos.
33 E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina.
7. Preste atenção na resposta: “Pois na ressurreição nem se casam, nem se dão em casamento; mas serão como os anjos do céu.” Por acaso os anjos se casam? Tudo é, na verdade, um grande mistério, mas, de pelo menos uma coisa temos certeza: por esta resposta, fica claro que entre eles não há casamento. Se seremos como os anjos no céu, também, entre nós, não haverá casamento. Qual, então, a utilidade do casamento? Muitas, sob muitos aspectos. A principal delas é por causa da instante necessidade do homem e da mulher.18 O casamento vem para tornar o homem capaz de resistir às suas inclinações carnais. Melhor seria que o homem não tivesse tocado em mulher e vice-versa. Não é assim que está escrito?19 Mas, a maioria de nós, Deus já encontrou na condição de casados. O que vamos fazer agora? Separar, jogar o nosso companheiro ou companheira fora? (Sorrisos) Não! O conselho de Deus é que cada um permaneça na maneira em que foi chamado. Foi chamado sendo solteiro? Continue solteiro. Foi chamado casado? Não procure apartar-se, e assim por diante.20
8. Uma coisa é certa: aquele que quer ser exclusivo de Deus, não pode se casar. O casado tem os cuidados com a casa, os filhos, com o mundo, em como há de agradar sua esposa, e assim não pode dedicar-se privativamente a Deus, que nos aconselha a permanecermos solteiros, caso sejamos capazes. O mesmo se diga com relação a mulher.21 Mas, uma vez constituída a nossa casa, Deus exige que cuidemos dela. Amém? “Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo”.22 Ele não exige de nós o cuidado que compete à nossa família, à nossa casa, que também precisa de atenção. Precisamos ser infiéis a Ele ao nos casarmos? Não! O casamento, então, existe para evitar uma série de outros problemas, mas se não tivermos a devida precaução, ao invés de diminuirmos, aumentamos, multiplicamos as nossas dificuldades.
9. Quando se fala em casamento, muitos pensam logo na união dos corpos, da carne, não é? Quantas pessoas não se relacionam por aí sem se casarem (amancebados, amasiados, amigados), vivendo, inclusive, até melhor que muitos casados. Não estamos com isso dizendo que aprovamos a atitude das pessoas que consentem em viver desta maneira, mas isso é assunto para outra reunião. Certo? Têm pessoas que vivem juntas cinco, dez, vinte, trinta anos, sem se casarem. Será que foram unidas por Deus? Repito: para muitas pessoas o que importa é a união dos corpos, o sexo. Será que é dessa união que Deus se refere, ao dizer que o que Ele uniu não separe o homem? Eu posso afirmar com certeza que não é isso, ou melhor, apenas isso. Isso também faz parte, mas tem muito mais.
10. Precisamos entender que o propósito de Deus é o compromisso, a fidelidade com a família. Não é assim que o mundo pensa. Para eles, quanto menos compromisso, quanto menos responsabilidade, melhor. O homem só se encontra uma vez ou outra com a mulher, cheirosa, sem cobrança alguma, não participam dos problemas um do outro… Então, que negócio é esse? Que coisa é essa? Vocês conseguem imaginar as inúmeras conseqüências desagradáveis que decorrem de tudo isso? Não pensem vocês que os filhos vão entender, porque não vão; eles querem saber do pai, da mãe… O que eles vão pensar de nós? O que será que se passa na cabeça deles? Vamos deixar para eles pensarem nisso depois que eles crescerem, ficarem adultos?
11. Então, respondendo à pergunta feita pelo Valdemir, que está relacionada com a colocação feita pelo o Welmo a respeito da visão, quando saberemos que foi Deus que uniu? Ainda: se não foi Deus, quem uniu? Jesus disse que a única maneira de se conhecer a árvore é pelo fruto. Não pode a árvore boa produzir fruto ruim e vice-versa. Se a árvore for boa, com certeza o fruto será bom; se a árvore for ruim, o fruto também será ruim.23 Pelo que tem acontecido por aí você pode imaginar o número de uniões realizadas sem o consentimento de Deus. Por outro lado, existem casais completamente ignorantes em relação ao Evangelho, mas que procedem como se o tivessem ouvido. Será que Deus não se agrada do comportamento de casais como esses?
12. Nós, casais mais velhos, como eu e a Amilce, o Valdemir e a Augusta, o Ramiro e a Lázara, que nos casamos antes de conhecer a Deus, precisamos acreditar que Ele legitimou a nossa união. Vocês concordam? Pode até ser que Ele considere essa união como sendo casamento. Se ambos, homem e mulher, cumprem suas obrigações conjugais, resultantes de um contrato, não há porque Deus não legitimar essa união. Sabe por quê? O casamento, de acordo com a lei, nada mais é que um contrato. Depois que as pessoas comparecem ao cartório, as testemunhas assinam, aí sim é que o casamento passa a existir legalmente. De solteiros, passam à condição de casados. Mas, para nós, o que importa, é o compromisso feito perante Deus. Na hora em que o vento soprar, a tribulação chegar, a enfermidade atacar a casa, um simples documento suporta toda essa dificuldade? De maneira alguma! Vale sim a aliança que você fez com Deus; esta te dá força para suportar a dificuldade, qualquer que seja.
13. A pergunta inicial foi a seguinte: o que não pode faltar no casamento? Tudo o que vocês pensaram e disseram está incluído nisso que eu estou falando. Não se esqueçam de que foi um mandamento de Deus, ao dizer: “Por isso, deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne”.Assim, já não são mais dois, mas uma só carne; já não são mais duas pessoas, mas uma só pessoa. Eu diria a vocês que isso é que não pode faltar num casamento, pois é uma determinação, um mandamento, uma ordem de Deus: que os dois sejam uma só carne. Pode ser que, embora tenha procedido conforme a lei, a pessoa não se casou perante Deus; ou ainda, embora não tenha se casado de acordo com a lei dos homens, formou com o seu companheiro ou companheira uma só carne, cumprindo aquilo que Deus ordenou.
14. Na realidade, o que significa ser uma só carne? Vamos repetir: “E que ordenou: Por isso, deixará o homem pai e mãe e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas uma só carne. O que Deus ajuntou não separe o homem”.24 O que significa isso? Não é completar um ao outro, como dizem por aí, que é uma idéia errada. Fica parecendo que a outra pessoa era deficiente: faltava perna, braço, orelha, nariz, etc. (Sorrisos). Pelo contrário, você tem que ser o mais completo possível, ainda solteiro. Seremos uma só carne, uma só pessoa, mas não nos completando. Vocês já devem ter ouvido por aí a seguinte expressão: “Eu que te completei, você não valia nada!” Nada disso! Deus quer que tanto o homem quanto a mulher sejam suficientemente capazes de viverem sozinhos. Ao se unirem, já não é mais apenas ele, muito menos somente ela, mas uma nova pessoa, completamente diferente dos dois.
15. Sendo uma única pessoa, uma só carne, quando um chorar, o outro também chora; quando um sofrer, o outro também sofre; quando um se alegrar, o outro participa daquela alegria; se um ama a justiça, o outro também vai amar; se um odeia a iniqüidade, o outro também. Olhe aí o que é ser uma só carne! Mas isso não acontece de uma hora para outra, não! Observe que o verbo está no futuro: “E serão os dois uma só carne…”. Não se trata apenas de sexo, que não é capaz de tornar ninguém uma só carne, é muito mais do que isso. Quem se casa com essa mentalidade, pode ter certeza do que eu estou falando, se decepciona profundamente! A única pessoa capaz de nos tornar uma só carne é Deus. Exatamente por isso que não tem como dividir, afastar, separar um do outro, pois já não são mais duas pessoas, mas uma só. Podem até se separar legalmente, mas o vínculo, que é espiritual, jamais pode ser dissolvido. Por isso Jesus disse que o que Deus uniu o homem não separa. Certo, Valdemir? Essa é a única maneira de saber se foi Deus quem uniu ou não, não sei se vocês estão conseguindo compreender, é algo muito profundo o que estamos falando.
16. Quando o Godoy, por exemplo, conheceu a Joaninha, ele ficou observando o procedimento dela, se agradou do sorriso, da voz, da roupa e assim por diante. Tinha prazer em estar com ela, gostavam das mesmas coisas, mas não eram ainda uma só carne. A partir do momento em que ele deixou a casa dele, e ela a dela, e constituíram a casa deles, é que eles passaram a se tornar uma só carne. O problema dele já não é exclusivamente dele, assim como o dela já não é apenas dela, certo? Cada vez que isso acontece, une cada vez mais o casal. Se Deus estiver realmente fazendo isto por vocês, essa união vai ser tão perfeita que vocês jamais irão se separar. Pode colocar um no sul e outro no norte, que nada vai mudar entre eles. É isso que as pessoas no mundo procuram e entendem com sendo “almas gêmeas”. Chame do que você quiser, mas sem Deus eu diria que é impossível.
17. Não sei se vocês já perceberam, mas aqueles casais antigos são muito apegados um ao outro. De vez em quando ouvimos eles dizerem: “Hoje eu estou chateado porque a minha velha está triste”. Morre um e, não muito tempo depois, morre também o outro. É semelhante aos passarinhos na gaiola… Se eles estiverem aos pares, quando um morre, o outro fica numa tristeza impressionante. Eu tenho conhecimento de uma senhora cujo marido morreu recentemente; ela perdeu completamente a motivação para viver. Tem casais que ao invés de se unirem, se separam. Quando um falece, o outro chega a ponto de dizer: “Graças a Deus, que aliviou o meu fardo!” Será que era um casal unido por Deus? Não, não era. E por que não era? A partir do momento em que o casal se torna submisso a Deus é que Ele tem liberdade para fazer essa união, a tornar os dois uma só carne. Mas quando não há qualquer compromisso com Deus, não tem jeito. Não precisa ficar triste, não! Tem irmãos achando que não podem sentir atração, desejo pelo seu companheiro (Sorrisos).
– Precisa existir isto, Godoy?
– Sim, mas isto seria apenas o início de tudo.
– Exatamente! O que Jesus quis mostrar naquela festa de casamento em Caná, na Galiléia, em que o vinho servido no final da festa era de melhor qualidade do que o do início? O vinho do início representa o começo do casamento que, para muitos, é o melhor período. Deus quis dizer justamente o contrário: quanto mais velho o vinho, melhor.25 E, realmente, ele fica melhor. Vamos somando experiência, responsabilidade, compreensão, maturidade e a tendência é que o relacionamento só vá melhorando. Na palavra de Deus não diz que “os três serão uma só carne”, ou “os quatro”, ou “os cinco”. É você e sua companheira ou companheiro. Se tiverem filhos, por mais que você os ame, não será a mesma coisa, mas essa união é que fará com que a casa seja capaz de suportar toda espécie de problema.
– Godoy, mais alguma coisa?
– Realmente existe uma preocupação por parte de nós, pais, em saber se a união que os nossos filhos estão fazendo é da vontade de Deus ou não. Pelo que eu entendi, na verdade, tudo vai depender da maneira em que os dois estiverem vivendo, antes não tem com saber.
– Exatamente! Tudo vai depender se o casal obedece a Deus ou não. A pessoa pode até dizer: “Ah, mas houve casamento!”. Não houve! Aconteceu apenas um contrato que não foi cumprido…
– Dessa forma, se não der certo, você não pode responsabilizar a Deus.
– Pode até ser que Deus tenha unido, mas o casal não cumpriu, não foi fiel a Ele…
– É como o nosso caso: não tínhamos nada para que pudéssemos dizer que a nossa união foi feita por Deus. Hoje, eu posso dizer com toda certeza que a nossa união foi feita com o consentimento Dele porque, conhecendo a verdade e dando ouvido a ela, você passa a ter um casamento abençoado. Muito interessante isso aí!
– Fale alguma coisa, Sirlei.
– Isso só pode ser feito por Deus mesmo! Com o passar do tempo, vamos aprendendo por que Ele aconselhou que a mulher fosse submissa, por exemplo. Ele sabia que se a mulher não fosse submissa, dificilmente os dois formariam uma só carne. Só aí há um impedimento. Quantos outros não existem?
– Humberto, foi respondida a sua pergunta.
– Eu gostaria de reforçar a idéia, para ver se eu entendi a mensagem: essa união, a ponto de tornarem os dois uma só carne, apenas acontece depois que ambos deixam a casa de seus pais?
– Você sabe a resposta. O que está escrito? “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. Antes ou depois, Humberto?
– Antes.
– Quem acha que é antes ou depois?
– Depois! (Toda a igreja responde)
– Deixe-me explicar melhor. Falando dessa maneira, fica a impressão de que os dois só vão se conhecer após o casamento. Se eu percebo, por exemplo, que no meu namoro a Juliana não está sendo submissa, e nós procuramos resolver esse problema, isto não está me levando a me tornar uma só carne com ela?
– Godoy, faça o seu comentário.
– Humberto, não tem como Deus fazer de vocês uma só carne antes, porque vocês não vivem juntos. Por mais que você queira, ela não vai ser submissa desde agora. Então, a partir do momento em que vocês constituírem uma família, uma casa, viverem juntos, aí sim é que vai mostrar se vai ser uma só carne ou não; é quando você, sendo o cabeça, vai governar o seu lar. Tem como você ser o cabeça agora? Não tem! A convivência antes do casamento é importante, mas se ao se casarem, vocês não derem ouvido a Deus, nada vai adiantar.
– Mas é isto que eu estou falando…
– Nisto você está certo. Só que a sua pergunta foi: nós nos tornamos uma só carne antes ou depois do casamento, não foi?
– Agora sim, ficou bastante claro.
18. Atenção! Deixe-me ajudar vocês. Olhe o plano de Deus: “Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas uma só carne”.26 Então, vamos citar o exemplo de Isaque e Rebeca. Rebeca foi trazida da casa de seus pais sem ao menos conhecer Isaque e, como tudo indica, os dois se tornaram uma só carne. Concordam? No entanto, Abraão se preocupou que o seu servo tivesse o cuidado em buscar alguém que fosse da mesma tribo que a dele, que temesse o mesmo Deus.27
19. Assim, qual seria a nossa maior dificuldade? A primeira de todas é que, a princípio, somos gentios, do mundo. Já não existe a preocupação em observar se o outro é pessoa de família, se tem procedência. Será que a pessoa pensa que isso vai ser arrumado depois? Se eu sei, por exemplo, que ela não ama o Deus que eu amo, tem como Ele nos unir? Não tem, porque o Deus que prometeu nos unir numa só carne atende pelo nome de Jesus Cristo. Quantos casamentos por aí não esbarram nisto que estamos falando? Se faltar a obediência, o compromisso, o amor, antes de qualquer coisa a Ele, não vai acontecer essa união. Pode até ser que vivam juntos por muito tempo, mas não chegarão a constituir uma só pessoa. E por isso são infiéis, infelizes em seus casamentos.
– Ficou respondido? Vocês acham que nós deveríamos falar mais vezes nesse assunto, Ramiro?
– Eu acredito que se deve continuar a falar sobre isto; é muito sério. No começo, eu estava pensando que, na realidade, o momento em que damos início ao casamento é quando nos casamos; na verdade, não realizamos ainda tudo o que tínhamos para realizar. Pelo contrário, o casamento está se iniciando naquele dia, mas o grande desafio ainda está por vir: tornar-se uma só carne.
– Amém! É uma nova vida, casa, família, problemas. Por isso tem que deixar tudo. Na casa dela, a mulher acordava a hora que quisesse, não tinha a preocupação de fazer o almoço, lavar as roupas, ajudar as crianças com os estudos de casa… De uma hora para a outra tudo muda! Vamos curvar nossas cabeças. Valeu, Godoy, Valdemir, Welmo?
– A Amilce estava me dizendo: “Vocês que são solteiros e ainda vão se casar, têm a faca e o queijo na mão”. Eu não gosto que os casados digam isso, como se a situação deles já não tivesse solução. Sempre é tempo de se restaurar, de se recomeçar, basta apenas dar ouvido a Deus. Então, isso é desculpa, os casados também têm essa oportunidade, todos têm.
– Mesmo que seja um queijo todo arrebentado, uma faca toda enferrujada, não é? (Sorrisos) Ela tem razão quando diz isso para você; ninguém precisa passar pelo que nós passamos. Concorda? Mas também não tiro a sua razão, e é por isso que estamos aqui, na reunião de casais, para reconstruir, fazer nascer de novo o nosso casamento, mas é muito mais difícil porque nós já nos encontramos numa situação bastante complicada.
20. Vamos curvar nossas cabeças e orar, pedir a Deus para nos abençoar, tanto os jovens quanto aqueles que já estão nessa estrada, a encontrar, ou quem sabe, reencontrar a paz, a harmonia da casa, o prazer de viver em família. Meu Deus, se não há unidade, se não há uma só carne, se o Deus não é o mesmo, se está faltando alguma coisa, faça um milagre em nossas vidas. Vamos crer! Obrigado por mais esta reunião preciosa, que seja cada vez de maior proveito para todos nós. Cada vez que o Senhor nos reúne, nos ajuda a vencer, a lutar, a perseverar… Que o Senhor esteja atento, continue a nos mostrar e perdoe a nossa ignorância, nossa negligência, tudo por falta de entendimento. Não tiramos a nossa responsabilidade pelo que muitas vezes nos acontece, antes, queremos confessar diante dos céus, dos anjos, que o Senhor tem sido para nós uma bênção. Não retire de nós a Tua graça, o Teu Espírito; permita-nos lutar por uma igreja onde tudo o que o Senhor ensina é aquilo que queremos fazer; lutar por um povo que ande nos seus caminhos, que tenha fome e sede de justiça. Não saia do nosso meio, pois a nossa preocupação é estar fazendo aquilo que seja agradável aos Seus olhos. Estamos ao Teu lado, formamos com o Senhor um casamento e, certamente, um dia seremos Contigo uma só carne, na qual seremos o Teu povo e o Senhor será o nosso Deus, para sempre… Nós te agradecemos, Pai, no Teu santo nome…
Creio na promessa que nos diz
Que não nos deixaria só
Mas daria o Teu Espírito
Que seria o Consolador
Como oferta viva eis-me aqui
Os meus anseios, entrego a Ti
Eternamente hei de ser, Senhor
Uma morada para Ti
Um santo lugar
Onde o Teu Espírito habitará
Uma vida consagrada para ser
O Teu altar, Teu altar…
Povo de Deus